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Bonecos de Santo Aleixo

    Os bonecos de Santo Aleixo são uma brincadeira muito séria. E muito divertida! Foi uma experiência fabulosa, principalmente por 3 razões:

  1. Não há disto em nenhum outro lugar do mundo!

  2. Tive a oportunidade de manipular marionetas raras, artesanais, carregadas de história e de tradição.

  3. Foi uma aprendizagem comunitária, em turma, em que todos demos também o nosso contributo para preservar esta forma de arte

 

    Se, por um lado, a sua presença em palco nos remete para um tempo onde as formas de arte (nomeadamente as que tinham bonecos ou formas animadas) viajavam de terra em terra à procura de público, por outro tem a capacidade de manter essa “aura do passado” como um dos fatores mais apelativos para quem assiste.

    Apesar de configurar uma arte muito artesanal, pessoal, aliada a uma construção sem grandes mecanismos nem técnicas elaboradas, os Bonecos de Santo Aleixo conseguem ser portadores de uma grande carga simbólica e teatral. Pese embora a competência e experiência dos manipuladores, os bonecos ganham uma vida e um brilho que vai muito além da sua aparente simplicidade.

    Conseguiam, e conseguem, arrancar umas boas gargalhadas ao público, ao mesmo tempo que mostram que as formas animadas são ótimas para emoldurar o sarcasmo, a ironia e a paródia. Mas mais do que entreter, a arte dos Bonecos de Santo Aleixo implica perspicácia e atenção para com os temas que são tratados (de cariz religioso, na sua maioria), fazendo do texto, da musicalidade e da luminosidade, uma composição única no panorama das formas animadas.

    Muito obrigado ao José Russo pela partilha, pela oportunidade de ter pedaços de história nas mãos e, ao manipulá-los, sentir-me parte da tradição! Mesmo encenando uma história encurtada e com muitas mãos a manipular muitas marionetas, foi extraordinária a cena que se montou. Obrigado também à Casa de Teatro de Sintra pelo acolhimento! E na noite em que estávamos todos em palco (atrás, à frente, dos lados, nos bonecos, nos cenários, nas cordas, etc) a observar e fazer o que tínhamos absorvido e ensaiado, até a candeia a azeite, que iluminava toda a sala, tinha a luz de outros tempos.

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